casacrocodilologogrande.jpg
Desde 1947
selo

 

Bem vindo à nossa história!

 

fachada2

 

Crocpendurado4.jpg
 

A História da Casa Crocodilo

 Em 1947, Tomás de Almeida Coutinho, nascido em Vila Nova de Gaia e tendo a arte de sapateiro, estabeleceu-se no Porto, na Rua Chã, num estabelecimento comercial como loja de solas e cabedais.

Pouco tempo depois da abertura da dita loja comercial, surgiu uma visita inesperada. Uma senhora que residia na Avenida da Boavista e que estava de passagem, perguntou a Tomás se queria comprar um crocodilo embalsamado que tinha trazido do Brasil. A razão da venda prendia-se com o facto de os seus familiares e amigos, terem medo do animal quando se aproximavam dele. Ouvindo a explicação, Tomás concordou em passar em casa da senhora para ver o crocodilo. Chegado a casa da senhora, Tomás apaixonou-se de imediato pela fisionomia imponente do animal e comprou-o por 30 escudos, sem contudo se aperceber que estava nos jardins da propriedade de Maria Albertina Saraiva de Sousa, Viscondessa de Santiago de Lobão, um palacete abastado de finais do século XIX, que permanece com a sua identidade até aos dias de hoje e que pode ser visitado, na Avenida da Boavista.

Quando regressou à loja, Tomás colocou o crocodilo à entrada, no chão, pois não havia muito mais espaço para acondicionar aqueles deslumbrantes 5 metros de novidade. Aquela decoração inovadora fez disparar a curiosidade de miúdos e graúdos que instintivamente, ao entrar na loja, mexiam nas unhas, dentes e carapaça do animal. Com todo este frenesim, o crocodilo foi de imediato colocado no teto, para evitar a sua deterioração.

No ano seguinte, em 1948, sentindo o espaço demasiado pequeno para o negócio em questão, Tomás procurou nova casa para o crocodilo. Encontrou na Rua Cimo de Vila uma loja também ela dedicada ao comércio de solas e cabedais. O responsável pela loja sita no no 63, estava de malas aviadas para o Brasil, pelo que Tomás se estabeleceu neste local a partir do dia 29 de junho, dia de S. Pedro, dando o nome de Casa Crocodilo ao novo espaço, devido ao grande destaque imprimido pelo espécime. Aquando da inauguração do novo estabelecimento, com muito mais espaço que o anterior, o crocodilo foi colocado no teto, permanecendo no mesmo sítio desde essa altura.

Existiram apenas duas ocasiões onde o crocodilo foi temporariamente retirado do teto. A primeira foi nos anos 60, para ser utilizado no cortejo universitário do Porto a pedido de uns estudantes. A segunda vez foi em 1978, quando o Futebol Clube do Porto foi campeão nacional, depois de um jejum prolongado, em que até ao crocodilo foi dada permissão para ir festejar para a Avenida dos Aliados, em cima de uma carrinha conduzida pelo filho, Guilherme Coutinho, com todas as medidas necessárias de segurança para não danificar a peça.

A Casa Crocodilo é uma loja Porto de Tradição desde setembro de 2017, tendo sido atribuída a respetiva placa em janeiro de 2019, distinção essa atribuída pela Câmara Municipal do Porto numa cerimónia conduzida pelo Exmo. Presidente Dr. Rui Moreira e pelo Exmo. Vereador do Pelouro da Economia, Turismo e Comércio Dr. Ricardo Valente, numa iniciativa que visa proteger e salvaguardar os estabelecimentos de comércio tradicional local.
Crocpenduradotraspb.jpg

30escudos

 

 

"Foi “por 30 escudos” que o pai de Guilherme Coutinho comprou a mascote que dá nome e automaticamente distingue um dos estabelecimentos comerciais mais antigos da cidade do Porto, no n.º 67 da Rua de Cimo de Vila. Em 1948, o investimento de Tomás de Almeida Coutinho foi elevado, mas “está visto que valeu a pena”, diz o filho. A loja de solas e cabedais tinha acabado de abrir no Largo da Chã e
um dia entrou casa adentro
uma senhora “da Avenida da Boavista” a propor-lhe uma inusitada aquisição: tinha na moradia um crocodilo embalsamado vindo do Brasil, mas pretendia desfazer-se dele, “porque assustava os netos”. Tomás foi vê-lo, fechou negócio e colocou o réptil no chão da loja. Estava encontrado o nome para a casa. Tornou-se imediatamente motivo de romaria, tanto que o pai “foi obrigado a chamar a polícia”, pelo massacre que faziam aos dentes e unhas do animal. Ala para o teto, que no soalho o crocodilo não estava seguro. Um ano mais tarde, surge a oportunidade do negócio transferir-se para a Rua de Cimo de Vila, onde havia mais espaço para a loja crescer, narra Guilherme Coutinho, nascido em Canelas, Vila Nova de Gaia, criado e feito homem na Sé do Porto, ajudando o pai entre o cheiro dos cabedais. Quis seguir-lhe as pisadas e tomou conta da Casa Crocodilo. Hoje, com 72 anos e uma vida ali inteira, quer um dia passar o testemunho ao filho, 36 anos, farmacêutico. “Ele gosta disto e vem cá ajudar-nos”, verbaliza, como se desse ainda mais força à ideia de que pelo menos mais uma geração Coutinho manterá o amuleto de cinco metros a dar as boas-vindas a quem entra. Em permanência no estabelecimento trabalham seis funcionários, somando o proprietário e a equipa da contabilidade são nove. Vestem todos a camisola. “Somos quase família”, diz pronto o Sr. Coutinho filho, que puxa do pergaminho para falar do atendimento personalizado, da clientela fiel e da nova que os descobre. Nesta loja-oficina, os balcões são à moda antiga: têm largura e tamanho suficiente para se darem ao corte de metros de couro e às balanças; há máquinas de costura Singer, armários construídos do chão ao teto, que contêm um infindável número de caixas e gavetas organizadas em fileiras, muitas amostras de tecidos em pele, os sapatos “de agasalho”, casacos, carteiras, porta-moedas de todos os tamanhos e feitios, entre tantos outros produtos artesanais (...).

Crocpenduradotras.jpg

 

 

 

Crocpendurado2.jpg Crocpendurado3.jpg

 

Porto de Tradição